hoje aqui em casa a sensação térmica anunciada é de 43º. o calor degradante em que vivemos no subúrbio do rio de janeiro me obriga a pensar nos indícios de que a natureza, pelo menos como conhecemos, irá acabar dentro dos próximos séculos.
a história se dirige a um último termo catastrófico, no estrito sentido de "catástrofe" que possuem os grandes acontecimentos naturais que, ao alterarem significativamente as condições de vida na terra, instalam o início e fim de eras geológicas. atentos a essas descontinuidades, os cientistas introduziram a clássica periodização da história da terra em pré-cambriana, paleozoica, mesozoica e cenozoica. hoje, no entanto, alguns cientistas já passaram a se referir a um antropoceno, tendo em vista essa aceleração entrópica da catástrofe natural, tão engenhosamente colocada em curso por meio da organização do trabalho humano.
alliez e lazaratto, no entanto, ironizam o conceito de antropoceno, e passam a falar de um capitaloceno, como forma de distinguir entre a atual cultura produtiva capitalista, e as demais formas de organização do trabalho ao longo da história. dizem os autores que a aceleração da catástrofe geológica é, exclusivamente, um projeto da moderna civilização, e que mais uma vez confunde-se a natureza sob a atual organização do trabalho e modo de vida com a natureza universal da humanidade:
O capital é um modo de produção na exata medida em que é um modo de destruição. A infinita acumulação que desloca continuamente seus limites para criá-los novamente promove uma destruição ampliada e irrestrita. Os ganhos de produtividade progridem em paralelo com os de destruição. Manifestam-se numa guerra generalizada, a que os cientistas preferem chamar de Antropoceno em lugar de Capitaloceno, por mais que as evidências mostrem que a destruição dos meios nos quais e pelos quais vivemos começa não com o “homem” e suas crescentes carências, mas com o Capital. A dita “crise ecológica” não é resultado de uma modernidade ou de uma humanidade cegas para os efeitos negativos do desenvolvimento tecnológico, mas o “fruto da vontade” de certos homens de exercer uma dominação absoluta sobre outros, a partir de uma estratégia geopolítica mundial de exploração ilimitada de todos os recursos, humanos e não humanos.
enquanto isso, os milionários da big-tech idealizam fantasias de fuga para outros planetas. o saber tecnicista e neoliberal ainda acredita miraculosamente em uma administração da crise por meio da tecnologia, quando na verdade a tecnologia é também fundamento para a dominação e exploração generalizada que mantém o atual modelo produtivo, cuja teleologia não é outra fora o fim do mundo.
sim, está calor pra um caralho. capitalistas malditos, espero que morram de forma dolorosa.
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