dizem que olavo bilac era, talvez por ter alimentado seus devaneios com muita literatura. era uma fantasia bem comum no século XIX, essa do cadáver, no decadentismo romântico. houve tempo que me entreguei às virgens dólicas cadavéricas de álvaro de azevedo. mistura de fantasia de morte com branca europeia, de virgem maria com depravação erótica. nada de paisagem brasileira. quando muito, para ironizá-la. nostalgia bironesca de castelos ingleses, de chuva e de filosofia, que por aqui era escassa. parece muito adequado para uma história, mas nessa época me relacionei com mulher chamada beatriz, cujo incofesso desejo era de ser um cadáver. bulímica, de ossos amostra. deprimida por traumas de infância, cortava os braços e principalmente nas coxas. os talhos esbranquiçados ficavam bonitos nela. tinha um gosto acentuado pela hoje polêmica asfixia erótica, por alcovas de motel barato ou chão de madeira duros como esquifes. durante o ato, não se movia, em imobilidade que remetia ao rigor mortis. não falava em momento algum. seu orgasmo era como o canto de ave noturna, soturna e breve a romper na noite iluminada por vela de alguma janela de poeta acesa na madrugada.
Mostrando postagens com marcador bulimia. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador bulimia. Mostrar todas as postagens
quarta-feira, 29 de maio de 2024
Assinar:
Postagens (Atom)
sociedades frias e quentes: sobre as bases materiais da história
1. o que a teoria marxista-comunista deseja? pelo exame do desenvolvimento histórico, empreender uma crítica teórica das ciências, e formul...
-
Quais são os requisitos para poder ensinar corretamente sobre a administração de uma grande fortuna? Ora, se queremos nos tornar mais sábios...
-
50. RONDA NOTURNA A parte mais noctâmbula da sociedade saía das óperas e comédias que enchiam os teatros do centro e se dirigia,...
-
A intransitividade do amor parece sugerir o fulgor do desejo, que se conecta em detrimento das raças . Amar, verbo intransitivo , é um roman...