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quinta-feira, 18 de julho de 2024

a vontade do sujeito de saltar por sobre sua própria sombra

há entre o ser e o sujeito
um espaço indefinido e intransponível
a ser na distância interminável do tempo, 
infinitamente percorrido pelo pensamento. 

como um pêndulo que vem e vai, 
o conceito marca e perde, incansável, 
o progresso do dialético movimento.

o relógio toca, desperto.
limpo a remela amarelada,
sinto o sol quente na cara.
entram pela janela as casinhas apertadas,

                                        tijolos expostos, reboco
                                        som de risadas alta, música popular
                                        barata pras massas, o lavar da máquina,
                                        cheiro gostoso de almoço 
                                                    (carne seca, arroz, feijão, batata)

sonhava com o espaço e o tempo transcendentes.
ora era grego, zenão e heráclito, aristóteles e platão. 
ora via o reno: era alemão, em contemplação calma do absoluto.
era isso e mais tudo: corporificação do espírito absoluto.

aqui, agora, no entanto sou nada.
mas me visto, sem sequer pensar nisto, 
em esforço vitorioso do instinto 
de esquecer mesmo a razão do sentir.

é outro domingo: abro um livro, 
a fenomenologia do espírito,
e leio até o entardecer levar o sol da janela.

sábado, 15 de junho de 2024

cansaço diário

acordei tarde. a ansiedade com o horário - examino o relógio o tempo inteiro -, a insatisfação com a perda diária, infinitesimal, de produtividade - sou meu próprio chefe - certamente predispôs meus nervos a tristeza. não deu outra: abri o celular, o olho sujo de remela ainda, e uma coisa qualquer, banal e incapaz de perturbar ninguém, foi suficiente para me deixar melancólico. resolvi comer café da manhã na rua, é coisa que faço para tentar acrescentar alguma dignidade ao meu dia. lembro de que assim faziam os escritores no século XX, que imito por fantasia, já que há muito escrevi do sonho de escrever. enquanto caminho até a padaria, faço as contas: quatro e cinquenta o pão com ovo, mais quatro o café, e com certeza vou pedir outro, então doze e cinquenta. não sei porque animo essas contas fora a pretexto de me torturar, já que não controlo meu dinheiro para além de pagar minhas contas todo mês, mas faço mesmo assim. cumprimentei a garçonete, que me conhece pelo nome, pedi a comida, que estava até saborosa. conversei com um outro cliente, primeiro sobre os acontecimentos da política internacional, depois sobre os nacionais, e por fim ele me contou uma história de sua vida. era advogado, e certa vez foi preso. a história é boa, mas não quero escrever por preguiça. voltei então para casa (tudo isso durou menos de trinta minutos) e voltei aos meus afazeres de todos os dias, desde o primeiro minuto contando as quatro horas que demorariam para que pudesse fazer a pausa para almoçar os restos do jantar de ontem.

sociedades frias e quentes: sobre as bases materiais da história

1. o que a teoria marxista-comunista deseja? pelo exame do desenvolvimento histórico, empreender uma crítica teórica das ciências, e formul...