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sábado, 15 de junho de 2024

carta aberta ao filott

se manifesta muito ódio entre o filott, mas venho cá dizer que, via de regra, no tempo regular do cotidiano, é ódio do tipo civilizado, com troca de farpas que não exclui algum respeito, antagonismos que não terminam em inimizades, picuinhas que não causam guerras. é o correto. 

a guerra acredito ser legitima: não sou nenhum liberal. somente seria estúpido uma animosidade excessiva por aqui, que claro, de vez em quando os ânimos se excitam o suficiente para ultrapassar o limiar do razoável, mas faz parte. grande defeito é empregar toda essa energia na usina nuclear do sr. musk. creio que já está em tempo das meninas e rapazes se organizarem melhor, ultrapassar a organização confortável imposta pela lei do algoritmo e formular um modelo de ágora mais adequada às necessidades.

termino com essas palavras a minha defesa de uma cultura digital mais politizada. espero que elas encontrem nos corações dos senhores um lugar de acolhida. 

assinado,

mallarme.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

notas nada originais sobre o original

Foucault afirma que o saber consiste em referir (a) linguagem à linguagem. (As palavras e as coisas, p. 55) Saber é, precisamente, poder endereçar extratos textuais uns aos outros: redistribuir os encontros das retas paralelas e, assim, no espaço infinito em que se encontra toda escritura, diluir sentidos antigos e suplementar novos, fazer um texto falar pela boca de um e calar a de outro.

Trata-se de uma compreensão da linguagem enquanto uma espécie de exegese infinita - não uma exegese na lei, mas uma exegese da lei, já que esta está em perpétuo estado de movimento. 

O essencial é notar que, nessa exegese fundamentalmente sem lei, não obstante, vivemos e pensamos sob o patrimônio de um originário: somos condenados a ser nutridos desde um solo, a fazer viagens desde algum lugar, a responder em torno de um nome, em sua graça e tributo, e construir, pelos seus poderes, pelos seus sentidos, o monumento do saber. 

O reino despótico do original organiza a proliferação de seu comentário. Fixa seus limites, oferece suas possibilidades, anima seu movimento, sempre por meio da promessa de que seu segredo será restituído. Sob o zeloso trabalho do exegeta existe o patrono desse texto primeiro (que, não obstante, ainda resta descobrir. Em busca do segredo perdido: como sempre estivesse a vir-a-ser-revelado). 

A lei do original é o fundamento - solo, base (grund, para falar como alemão) de todo esforço hermenêutico: alicerce primeiro e necessário da construção.

A lei do original é a meta - ao mesmo tempo forma transcendente e alvo que procura a flecha - de todo esforço hermenêutico, mesmo que em seu trabalho se esbarre ou encontre sentidos segundos ou terceiros. Porque o original é verdadeira economia do sentido, a lei que dispõe ao redor do patronímico originário os textos subsidiários. 

O original controla a proliferação do sentido, recorta o espaço informe do saber dentro de sua medida, concede ao indefinido a concisão de seu nome. Tudo passa a existir em relação: endereçado ou desviado desse ponto originário. 

O original cria vizinhanças. Demarca territórios. Além de suas fronteiras é a terra do outro, do desconhecido: do que vem-a-ser conquistado, ou do que demarca a derrocada dessa império erguido ao redor do original.

Os mapas então serão redesenhados, os tesouros e honras pilhados, a história reescrita, os velhos nomes apagados, as províncias do saber distribuídas mais uma vez, e um novo original irá reinar soberano. 


sociedades frias e quentes: sobre as bases materiais da história

1. o que a teoria marxista-comunista deseja? pelo exame do desenvolvimento histórico, empreender uma crítica teórica das ciências, e formul...