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sábado, 9 de novembro de 2024

O NACIONAL DESENVOLVIMENTISMO DE TRUMP

trump diz que irá tarifar as importações e deportar os imigrantes ilegais: ou seja, trata-se de, ao mesmo tempo que estimula a indústria nacional por meio do custo das mercadorias importadas, retirá-las um dos seus capitais basilares: a mão-de-obra barata do imigrante. deixo aos analistas de economia política a extração das consequências dessas medidas. como historiador me limito a apontar a retomada do saber econômico-político que, sob os auspícios da ciência eugênica, no início do século XX, passou a manipular a entrada e saída de imigrantes, com o objetivo de otimizar a produção. 

foucault se refere a uma bio-política: é disso, precisamente, que se trata. não obstantes a mística ao redor do ser humano, para a produção, as populações, manejadas por meio das ciências capitalistas (salário por tempo-trabalho, exército de reserva, mais-valia, etc),  são somente outra, e como qualquer outra, parte do capital produtivo. diferem dos materiais, das terras e das máquinas pelo seu valor e posição na cadeia econômica, mas são igualmente reificados enquanto necessidade para a produção. 

ainda me chama atenção, no discurso trumpista, como se reativa o discurso do inimigo invasor: o estado-nação, ora, trabalhará pelo seu povo, e contra os invasores. 

nada de novo no fronte, é claro, embora as circunstâncias estranhas.


segunda-feira, 20 de maio de 2024

da eugenia democrática fascista

A eugenia, conforme delineada no primeiro livro de Francis Galton (Hereditary Genius), poderia ser caracterizada como uma ciência aristocrática, anti-democrática e anti-burguesa. 

A democracia liberal burguesa corresponderia ao governo dos comuns, isto é, daqueles desprovidos de ascendência nobilitária e árvore genealógica. Segundo Galton, haveria correspondência entre os extratos extraordinários de uma raça - os melhores - e as classes superiores; estas são superiores por conta de seu patrimônio genético, herança familiar geracionalmente transmitida. Em passagem que lamenta a Revolução Francesa por ter extinguido os melhores ramos familiares franceses se mostra com ainda mais clareza a oposição de sua eugenia com os valores da burguesia. (p. 34) Trata-se, afinal, de uma ciência que decifra, pela distribuição dos talentos genéticos feitos conforme a vontade soberana da natureza, a diferenciação de classes, a separação entre dominados e dominantes pela lógica de inferiores e superiores. Como em Aristóteles, o senhorio e a escravidão seriam dados naturais. 

A eugenia somente poderá se aburguesar, se democratizar, e se liberalizar como parte de um mundo de flutuações sociais do capital (a tábula rasa, os mandamentos de igualdade, liberdade e fraternidade, o mito do self-made man, sem origem e sem capital) pela experiência fascista da raça, que funda uma comunidade biológica, um grund genético de um povo integrado sob uma nação sob o símbolo da nação. Essa eugenia racial, em sua especificidade democrática, se difere da eugenia aristocrática proposta por Galton, ainda que não lhe seja necessariamente contrária: se assemelham do ponto de vista de naturalizar a divisão de classes, já que, como sabemos, o fascismo as integra como parte de um mesmo organismo social, como se fossem os órgãos hierarquicamente organizados em corpo segundo as finalidades impostas por um cérebro totalitário e onisciente.

sociedades frias e quentes: sobre as bases materiais da história

1. o que a teoria marxista-comunista deseja? pelo exame do desenvolvimento histórico, empreender uma crítica teórica das ciências, e formul...