segunda-feira, 20 de maio de 2024

da eugenia democrática fascista

A eugenia, conforme delineada no primeiro livro de Francis Galton (Hereditary Genius), poderia ser caracterizada como uma ciência aristocrática, anti-democrática e anti-burguesa. 

A democracia liberal burguesa corresponderia ao governo dos comuns, isto é, daqueles desprovidos de ascendência nobilitária e árvore genealógica. Segundo Galton, haveria correspondência entre os extratos extraordinários de uma raça - os melhores - e as classes superiores; estas são superiores por conta de seu patrimônio genético, herança familiar geracionalmente transmitida. Em passagem que lamenta a Revolução Francesa por ter extinguido os melhores ramos familiares franceses se mostra com ainda mais clareza a oposição de sua eugenia com os valores da burguesia. (p. 34) Trata-se, afinal, de uma ciência que decifra, pela distribuição dos talentos genéticos feitos conforme a vontade soberana da natureza, a diferenciação de classes, a separação entre dominados e dominantes pela lógica de inferiores e superiores. Como em Aristóteles, o senhorio e a escravidão seriam dados naturais. 

A eugenia somente poderá se aburguesar, se democratizar, e se liberalizar como parte de um mundo de flutuações sociais do capital (a tábula rasa, os mandamentos de igualdade, liberdade e fraternidade, o mito do self-made man, sem origem e sem capital) pela experiência fascista da raça, que funda uma comunidade biológica, um grund genético de um povo integrado sob uma nação sob o símbolo da nação. Essa eugenia racial, em sua especificidade democrática, se difere da eugenia aristocrática proposta por Galton, ainda que não lhe seja necessariamente contrária: se assemelham do ponto de vista de naturalizar a divisão de classes, já que, como sabemos, o fascismo as integra como parte de um mesmo organismo social, como se fossem os órgãos hierarquicamente organizados em corpo segundo as finalidades impostas por um cérebro totalitário e onisciente.

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