há entre o ser e o sujeito
um espaço indefinido e intransponível
a ser na distância interminável do tempo,
a ser na distância interminável do tempo,
infinitamente percorrido pelo pensamento.
como um pêndulo que vem e vai,
o conceito marca e perde, incansável,
o progresso do dialético movimento.
o relógio toca, desperto.
limpo a remela amarelada,
sinto o sol quente na cara.
entram pela janela as casinhas apertadas,
tijolos expostos, reboco
som de risadas alta, música popular
barata pras massas, o lavar da máquina,
cheiro gostoso de almoço
(carne seca, arroz, feijão, batata)
sonhava com o espaço e o tempo transcendentes.
ora era grego, zenão e heráclito, aristóteles e platão.
ora via o reno: era alemão, em contemplação calma do absoluto.
era isso e mais tudo: corporificação do espírito absoluto.
aqui, agora, no entanto sou nada.
mas me visto, sem sequer pensar nisto,
em esforço vitorioso do instinto
de esquecer mesmo a razão do sentir.
é outro domingo: abro um livro,
a fenomenologia do espírito,
e leio até o entardecer levar o sol da janela.
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