quinta-feira, 18 de julho de 2024

a vontade do sujeito de saltar por sobre sua própria sombra

há entre o ser e o sujeito
um espaço indefinido e intransponível
a ser na distância interminável do tempo, 
infinitamente percorrido pelo pensamento. 

como um pêndulo que vem e vai, 
o conceito marca e perde, incansável, 
o progresso do dialético movimento.

o relógio toca, desperto.
limpo a remela amarelada,
sinto o sol quente na cara.
entram pela janela as casinhas apertadas,

                                        tijolos expostos, reboco
                                        som de risadas alta, música popular
                                        barata pras massas, o lavar da máquina,
                                        cheiro gostoso de almoço 
                                                    (carne seca, arroz, feijão, batata)

sonhava com o espaço e o tempo transcendentes.
ora era grego, zenão e heráclito, aristóteles e platão. 
ora via o reno: era alemão, em contemplação calma do absoluto.
era isso e mais tudo: corporificação do espírito absoluto.

aqui, agora, no entanto sou nada.
mas me visto, sem sequer pensar nisto, 
em esforço vitorioso do instinto 
de esquecer mesmo a razão do sentir.

é outro domingo: abro um livro, 
a fenomenologia do espírito,
e leio até o entardecer levar o sol da janela.

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