quarta-feira, 10 de julho de 2024

contra o empirismo

 estou lendo desde ontem os "primeiros princípios" de herbert spencer (para quem não sabe, o maior filósofo inglês do XIX), que para elucidar sua teoria da evolução, naturalmente, prossegue desde os primeiros conceitos - possibilidade de verdade, existência de deus, tempo e espaço, relatividade e conciliação de todo conhecimento possível, o incognoscível, a filosofia e a religião, matéria, movimento e força, etc -, em um gênero filosófico que me remete imediatamente às minhas leituras longínquas de jorge luis borges, principalmente a de francis herbert bradley (que, no entanto, pelo que me lembro, era bem mais idealista do que o empirista spencer). parece que na forma de construção da filosofia, essa ordenação da menor causa para as maiores, da menor parte como condição de conhecimento da maior, experimento um daqueles gozos mnemônicos proustianos - que, aqui e agora, no entanto, não possui cheiro, gosto, toque, som, forma, não se trata de lembranças inscritas no fenômeno sensível, ou então, é uma sensibilidade intelectual, da fruição de formas abstratas, como a ordenação de um tratado e a forma de uma ideia -.

escrevo tais coisas que para escrever contra o empirismo, no sentido da primazia da matéria como suporte para a inscrição e escritura. existe uma ordem criada por nós que abre o espaço da linguagem sem que seja necessário uma ordem de diferença pré-estabelecida, dada pela matéria. ou seja, a "coisa empírica", sua ordem de diferenças, não é dada pela natureza, mas por nossas intuições transcendentais, que de certa maneira, fundam as partes, as divisões, a forma, do objeto empírico.

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