“A ideia do livro é a ideia de uma totalidade, finita ou infinita, do significante; essa totalidade do significante somente pode ser o que ela é, uma totalidade, se uma totalidade constituída do significante preexistir a ela, vigiando sua inscrição e seus signos, independentemente dela na sua idealidade”.
DERRIDA, J. Gramatologia, pp. 21 – 22:
Há uma velha história que eloquentemente coloca a questão do arquivo enquanto uma forma decrépita da origem divina: Um menino, já cheio de sono, decide fechar seu livro e ir dormir. Como faz todas às vezes, marca cuidadosamente a página que parou, apaga a vela e deita sob os lençóis. Naqueles instantes em que o intelecto se agita antes de ceder ao sonho, o menino entrou em devaneios. No torpor das altas horas, pareceu razoável que a realidade fosse como os livros que lia antes de dormir. Depois dessa conclusão, que pareceu obedecer a todos os critérios da lógica, principiou então a filosofar: “se o mundo é um livro, então é Deus quem coloca o marcador para que na noite seguinte a história possa continuar daquele exato ponto em que se parou”.
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