Algumas décadas atrás, em uma época que talvez ainda seja a nossa, Jean Baudrillard expressava aquele mal estar civilizatório diante dos rumos da modernização. Especialmente, atormentava ao filósofo francês aquilo que poderíamos descrever como os descaminhos do espírito e da civilização por meio da industrialização da cultura, cujas máquinas cada vez mais avançadas fabricavam relatos e representações cada vez mais velozmente.
A elevada produção de informações, para Baudrillard, havia produzido essa espécie de patologia super-semiose, que agora as sociedades industrias padeciam, em que a abundância e contrariedade de sentidos não parecia simplesmente levar os fundamentos do espírito iluminista à bancarrota intelectual. A aparição da massa, enquanto objeto e positividade de uma ciência, para Baudrillard era expressão de como a humanidade, consumidora absoluta, renunciava abertamente a conceitos como sujeitos e sentidos, que não pareciam guardar nenhum sentido com a sua experiência dos espetáculos midiáticos:
Os media
carregam consigo o sentido e o contra-sentido, manipulam em todos os sentidos
ao mesmo tempo, nada pode controlar este processo, veiculam a simulação interna
ao sistema e a simulação destruidora do sistema [...] Não há alternativa, não
há resolução lógica. Apenas uma exacerbação lógica e uma resolução catastrófica.[1]
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