segunda-feira, 22 de maio de 2023

educação

Fiz movimentos enérgicos, de quem combatia em uma guerra já perdida… Mas eu não passava de uma mosquinha presa em uma teia grudenta e forte, e quando dava por mim estava ainda mais enredado em suas malhas. Era questão de tempo para ser devorado pela aranha. Preso na teia, fraco, famélico, cansado, exausto, encontrei próximo de meu rosto um objeto gelatinoso, que demorei reconhecer por conta de meu cansaço, mas compreendi ser o ovo de algum inseto... Qual? Não sei, naquele momento sequer conseguia pensar, mas agora, recuperado o vigor e a capacidade de raciocínio, concluir ser uma ova da própria aranha... Não foi só pela fome que meu paladar aceitou devorar um quitute tão asquero, mas pelo ódio de vingança, que fez eu mastigar aquela bola semitransparente - por dentro conseguia ver o feto ainda em gestação - até sentir que tudo estava dentro de meu estômago. Quando terminei a refeição, não sei o que me ocorreu, mas subitamente me metamorfoseei em outro gênero de inseto, um ser estranho que, contudo, teve forças para romper a teia, e ainda cambaleando, cansado pelo esforço, fui procurar o caminho de casa…

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