terça-feira, 14 de maio de 2024

as multiplicação das origens

Sabemos que a questão da escrita da história filosófica era caro para Michel Foucault. Podemos dizer que, em medida considerável, Arqueologia do saber é sua resposta mais direta e longa sobre o tema que, não obstante, já havia sido colocado por seus livros anteriores. 

Em As palavras e as coisas, se coloca a questão da história enquanto semelhança de origens, mas multiplicidade de desvios, como forma de se pensar a história da filosofia. "Condillac e Hume buscaram o liame entre a semelhança e a imaginação. Soluções estritamente opostas, mas que respondem ao mesmo problema" (p. 97). 

Posto historicamente o problema da gênese assimétrica entre a desordem da natureza das impressões, e o poder positivo e humano de reconstruí-la em uma ordem racional, desse mesmo ponto no tempo se desencadeia uma diversidade de outros: e dessa mesma "gênese" temos ao mesmo tempo  ou a "forma mítica do primeiro homem (Rousseau) ou da consciência que desperta (Condillac) ou do espectador estranho jogado no mundo (Hume)". 

Não cabe agora citar ao Arqueologia do saber, já que está enterrado em algum lugar no fundo de meu armário, mas afirmo por conta e risco que lá se defende a mobilidade das origens justamente a partir dessa simultaneidade que o emprego do conectivo "ou" demarca acima com clareza: a história do pensamento avançaria como diferentes respostas para um mesmo pensamento que, se no conjunto podem ser postos como equivalentes, remetentes a uma mesma origem, em sua dispersão e particularidade, não obstante, comportam diferenças radicais e se tornam originais. 

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