quando nos cagamos em público pela primeira vez aprendemos que o cocô é motivo para vergonha. somos reprimidos, às vezes gentilmente, outras de formas mais grosseiras, por gritos e insultos. tão logo ganhamos consciência de nosso cocô, aprendemos que ele não é coisa-pública. é o cocô que, antes do sexo, nos introduz na existência do segredo. e é o banheiro que, antes da alcova, se torna o primeiro cofre para o depósito desse segredo tão vil. não devemos nos surpreender, então, a relação profunda, sucessiva, que se cria entre o sexo e o banheiro. a criança, tão logo descubra que o sexo está proibido pelo público, irá realizá-lo consigo mesmo, às escondidas, no banheiro. o banheiro é o primeiro e mais persistente templo do amor de muitas crianças que, quando depois de casadas, redescobrem no chuveiro e no vaso esse espaço de gozo, tão sujo e secreto quanto o cocô. são duas coisas que todos sabemos que fazemos, mas que precisam ser feito às escondidas: o sexo e o cocô. e o banheiro une as duas: o único espaço inquestionável de solidão.
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